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São Paulo,21/05/2025

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Gripe aviária: para analistas, Brasil passa por ‘teste’ de segurança sanitária

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Gripe aviária: para analistas, Brasil passa por ‘teste’ de segurança sanitária


Situação também desperta dúvidas sobre como ficarão os contratos entre produtores, importadores e outros membros da cadeia O primeiro caso de gripe aviária registrado em uma granja comercial no Brasil, no município de Montenegro (RS) coloca o país num teste de biossegurança perante os parceiros comerciais. A situação também desperta dúvidas sobre como ficarão os contratos entre produtores, importadores e outros membros da cadeia nos próximos meses, pontuam analistas.
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Para o economista Fabio Ongaro, o caso confirmado e as seis investigações em andamento revelam força de reação do setor, mas vulnerabilidade econômica, pois, mesmo em um cenário de controle bem-sucedido no Brasil, o setor pode perder entre R$ 1,3 bilhão e R$ 5 bilhões. O cálculo é feito com base na média do montante exportado em carne de frango nos últimos meses, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
No cenário mais pessimista, de suspensão de exportações prolongadas para mais de dois meses, Ongaro calcula que o país encerraria 2025 com queda de 10% nas receitas de exportação, o que representa perdas líquidas próximas aos R$ 5 bilhões.
Por outro lado, o episódio pode acelerar investimentos em biosseguridade a médio prazo, além de diversificação de destinos de exportação e avanços nos protocolos sanitários multilaterais, mesma percepção dos analistas do Itaú BBA.
Para Ongaro, será necessário um esforço diplomático intenso para continuar assegurando a confiança dos compradores internacionais, considerando que o Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo.
“A forma como o Brasil lidará com esse surto será decisiva para preservar sua posição no mapa global das proteínas, e para garantir que o episódio seja visto como um acidente isolado, e não como o início de um novo ciclo de riscos sanitários”, ressalta.
A atenção do economista se dá pelo histórico do país que, até então, era um dos únicos grandes exportadores sem registro de H5N1 em granjas comerciais, um diferencial que sustentava contratos premium em mercados exigentes como União Europeia, Japão e Coreia do Sul.
Até o momento, 21 países barrarão o produto por pelo menos 60 dias. Nesta manhã, Filipinas e Jordânia foram as nações mais recentes a entrar na lista de países com suspensão temporária.

Para o presidente da Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia Animal (Facta), Ariel Mendes, o Brasil mantém comunicação constante com organismos internacionais e países importadores, adotando transparência e atualizações diárias sobre a situação, o que deve atenuar o alarde.
Sob a ótica jurídica, o que pode acontecer nas próximas semanas é uma revisão de contratos entre produtores e importadores, mas ainda não dá para afirmar se a doença se enquadra como um motivo de multas e penalidades, explica a advogada Ieda Queiroz.
Em nota, a coordenadora do setor de agronegócios do CSA Advogados, afirma que, por se tratar de uma condição extraordinária, as penalidades podem não ser exigíveis. Dependendo de como se estender o quadro nas próximas semanas, o judiciário brasileiro poderá discutir se vale a aplicação do conceito do direito internacional de “força maior”.
Sob este preceito, o fornecedor do produto não pode solicitar pagamento antecipado, e o comprador não pode exigir penalização, nem rescisão contratual durante uma crise fitossanitária, detalha a advogada.
Entretanto, enquadrar a gripe aviária como força maior vai depender de como a situação caminhará e do judiciário brasileiro, reforça Queiroz.
Frederico Favacho, advogado especialista em agronegócios do Santos Neto Advogados, lembra do impacto em cadeia dos contratos do setor avícola também para os exportadores. “Não sabemos ainda a extensão do embargo à exportação brasileira de carne de frango, que pode se resolver em torno de 20 dias, se nenhum outro caso for identificado. De toda forma, considerando os contratos de exportação estarão suspensos ou rescindidos, é esperado um impacto econômico no fluxo do caixa das empresas exportadoras”, afirma.
Consequências para produtores a médio prazo
O varejo já está se organizando para evitar estoques e comprar nos próximos meses quando o preço da carne de frango e dos ovos deve diminuir, diante de uma retenção de volumes destinados à exportação e a consequente alta da oferta.
Embora isso possa beneficiar o consumidor no curto prazo, a tendência de queda nos preços, de até 10% nos supermercados, “pode afetar a margem de lucro dos produtores, sobretudo pequenos e médios, que já operam com custos comprimidos devido ao aumento nos preços de milho e farelo de soja”, comenta o economista Fábio Ongaro.
Segundo ele, o setor teme outros impactos “secundários”, como o cancelamento de pedidos de insumos, desaceleração da indústria de abate e paralisações temporárias em frigoríficos de menor porte.
Hoje, a avicultura responde por cerca de 30% das exportações do agronegócio brasileiro relacionadas a proteína animal, sendo o principal item da pauta de exportação para mais de 40 países.
Para Ieda Queiroz, a partir dos desdobramentos, pode acontecer uma diminuição de matrizes para reprodução, o que deve impactar no aumento dos custos nas granjas, afetando principalmente os produtores que tiveram que sacrificar integralmente determinadas áreas de produção. “Avicultores do Rio Grande do Sul já têm sofrido desde o mês de abril do ano passado, quando as enchentes recordes afetaram o estado. Essa reação em cadeia chegará não só para produtores, abatedouros e exportadores, mas também ao ecossistema da região”, diz em nota.




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