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São Paulo,24/10/2025

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Produtoras rurais trocam tabaco por hortaliças e morangos

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Produtoras rurais trocam tabaco por hortaliças e morangos


Mesmo com a renda alta obtida com a produção de tabaco em pequenas áreas no sul do país, há produtores que trocam a cultura em busca de mais qualidade de vida.
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É o caso de Tatiana Fernanda Schott, que aprendeu a trabalhar desde criança na cultura do fumo com a mãe e assumiu a área de 1,5 hectare da família em Paraíso do Sul (RS) depois que a mãe se aposentou. Há três anos, no entanto, Tatiana decidiu mudar de vida e abandonou o tabaco.
“Minha vizinha (Rosiele), que tem uma mente agroecológica, me chamou para participar do seu grupo. Aí comecei a plantar outras culturas, como tomate e pensei que não dava para participar de um grupo agroecológico e continuar plantando tabaco.”
A mudança foi incentivada também pela segunda gravidez de Tatiana. Ela e o marido decidiram parar a produção de tabaco e manter apenas a horta e as verduras orgânicas.
“Foi uma escolha saudável. Agora, posso levar meus filhos para a lavoura sem medo. Meu guri até come alface na roça”, diz a produtora que tem 0,5 hectare de horta certificado como orgânico e está em processo para certificar o restante.
“No tabaco, são as empresas que decidem o preço do que você plantou. Eu achava que o fumo valia tanto e eles não me davam nem a metade. A indústria fornece os insumos, mas nos obriga a vender para eles para pagar a dívida. Agora, com minha horta, eu coloco o preço.”
Ela vende seus produtos em feiras. A mudança, afirma, não reduziu sua renda, mas a qualidade de vida da família melhorou muito.
“Minha mãe não gostou que eu desistisse. Aqui na minha cidade, só eu e minha vizinha não temos tabaco. Vejo que falta incentivo financeiro para investir em outras culturas. Os produtores, então, se acomodam porque o tabaco está prontinho e começar a cultivar outra coisa é difícil.”
Além da horta, Tatiana e o marido criam animais para consumo próprio e cultivam 1 hectare de milho para a ração.
Rosa Harthmann desistiu do tabaco e investiu no morango porque não precisa de tanta mão-de-obra; produção rende até mais que o fumo em pequenas áreas
Arquivo pessoal
Rosa Harthmann, de Cristal (RS), também abandonou o tabaco depois de 35 anos na cultura, incentivada por uma das três filhas, que decidiu se manter na zona rural, mas buscou outra opção.
“Nos foi ensinado que a única renda que mantém o pequeno produtor com dignidade no interior gaúcho era o tabaco, mas eu descobri que na Serra Gaúcha muita gente estava plantando uva e morango. Escolhi investir no morango porque não precisa de tanta mão-de-obra e descobri que ele rende até mais que o fumo em pequenas áreas. Hoje ganho 50% a mais.”
Rosa diz que produz a fruta sem veneno, não pega chuva, tem produção o ano inteiro e pode fazer várias coisas com o morango. Ela criou uma agroindústria para produzir geleias e doces, que comercializa na propriedade, em feiras e exposições.
“É uma transição que eu recomendo para muita gente. O fumo só tem um destino: entregar na fumageira. E a mulher, principalmente, não tem qualidade de vida na lavoura do tabaco. Nunca tive problema com o veneno, mas me incomodava muito ter que enfrentar frio, chuva e calor na cultura. Já cheguei a colher fumo com chuva durante 10 dias seguidos. E na hora da venda era terrível, humilhante até, porque a indústria paga o que quer.”




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