Steelcorp fabrica casas modulares e vai passar de R$ 1 bi de receita em segundo ano de operação Ao invés de tijolos e betoneiras, aço e paredes prontas na traseira do caminhão rumo ao canteiro de obras. Saem os pedreiros, entram os montadores. É nesse Lego tecnológico que o empresário Roberto Justus tem dedicado boa parte de seu tempo. Maior acionista e CEO da Steelcorp, que fabrica casas modulares, Justus acaba de levar a companhia para o mercado americano – e já vai bater mais de R$ 1 bilhão em faturamento.
A filial Steecorp USA inaugurou há menos de um mês uma fábrica da Flórida, voltada a projetos de casas populares (um recorte diferente do brasileiro: por lá, esses imóveis têm até 110 m2, na planta com três dormitórios). Para adiantar a entrada no país, a Steelcorp comprou uma pequena fábrica modular por cerca US$ 2 milhões, já com todas as licenças e maquinário, e contratou o então proprietário como diretor técnico.
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A companhia então colocou de pé uma fábrica nova, de 25 mil m2 – maior que a recém renovada fábrica no Brasil, com 16 mil m2. “A maioria das casas na Flórida é feita em wood frame e a nossa é light steel frame, que tem maior durabilidade e vantagem térmica. Quando essa fábrica estiver operando em sua capacidade total, estará produzindo duas mil casas por ano”, diz Justus.
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A companhia acelerou o investimento após fechar contrato com o americano Brickless Group para entrega de 500 casas em 2025 e 1,5 mil em 2026. A maioria das casas populares será montada no condado de Port St Lucie. Com esse contrato, a filial da Steelcorp terá receita de US$ 100 milhões neste ano e US$ 300 milhões no ano que vem. Dado o câmbio, já vai bater o faturamento da matriz em 2026.
“Vamos estabelecer a companhia com um player importante na Flórida e logo começar a expansão nos Estados Unidos, já que é só colocar os módulos em cima de um caminhão e o frete não chega a 1,5% do valor dos módulos, o que viabiliza esse avanço para outros estados”, diz Justus.
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Em 2024, a Steelcorp faturou R$ 200 milhões. Neste ano, a projeção de receita nacional é R$ 800 milhões, levando ao consolidado de R$ 1,4 bilhão com a filial americana. A partir de 2027, o crescimento deve se ‘normalizar’ para cerca de 15% a 20% ao ano.
Justus começou o negócio com a compra de uma empresa de menor porte de construção modular, mas entre ajustes financeiros e operacionais, colocou a rebatizada Steelcorp em funcionamento em meados de 2023. Para a equação terminar em lucro, o nome do jogo é escala. A Steelcorp vai trabalhar nos Estados Unidos principalmente com modelos acessíveis “3-3-0, 4-4-2 e o 5-5-2” – referência ao número de dormitórios, de banheiros e garagem.
“A repetição é muito importante. Posso até fazer alto padrão, desde que 100 casas iguais ou duas ou três versões. Mas uma casa gigante na Fazenda Boa Vista não faz sentido”, diz o empresário, que divide as funções operacionais com Daniel Gispert, presidente da empresa.
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No Brasil, a companhia constrói também sedes corporativas e fez a arena Red Bull Bragantino, mas quer se concentrar nas casas populares. Para os sócios, é uma forma também de driblar um cenário macroeconômico mais complexo pela frente – já que as taxas de juros altas freiam o mercado imobiliário, mas o segmento popular segue ritmo com subsídio.
“Estamos com sinal de alerta ligado pela forma como o Brasil tem conduzido sua economia, mas não deixo de investir. Os juros no patamar que estão traz desestímulo para o empreendedorismo, mas nas casas populares é uma questão de necessidade e por isso tem subsídio para financiar essas operações”, diz.
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O tempo para colocar uma casa nova de pé é a metade da construção convencional. Esse costumava ser o principal diferencial do modelo, para quem topava arcar com valores mais altos – e acabou limitando a expansão do segmento. “A resistência vinha do preço. Mas a tecnologia avançou e essa diferença hoje praticamente não existe”, diz Justus. “A demanda de aço por metro quadrado, que era de 55 quilos há poucos anos, hoje é de 19 quilos. Ao mesmo tempo, a mão de obra tradicional e materiais aumentaram de preço.”
Com mercado americano, Justus dá salto em operação de construção
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A Steelcorp está investindo também na segunda fábrica no Brasil, que ficar em Goiás, para abastecer Centro-Oeste e Nordeste. Somando as três plantas, o investimento soma quase R$ 120 milhões. A gestora Reag, de João Carlos Mansur, é acionista da Steelcorp desde 2023, com 30% da empresa e Justus negocia a entrada de um novo sócio para financiar a expansão – segundo O Globo, um fundo do banco Master. Ele diz que será a última diluição até um evento de liquidez, seja IPO ou venda da companhia.
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Essa é a única empresa na sua carteira de investimentos em que o empresário tem atuação executiva e é controlador. “É a menina-dos-olhos no momento, um desafio enorme e que precisa de atenção. Estou dedicando meu know-how e meu know-who”, diz Justus. Ele é acionista e conselheiro de outras sete empresas, como a gestora de fundos Nest Asset, o private equity Treecorp, a gestora de fortunas Legend e a Arvore, de realidade aumentada, fundada por seu filho Ricardo Justus.