Cenas dos próximos capítulos no GPA

Na conturbada novela que se tornou o Pão de Açúcar (GPA), as cenas dos próximos capítulos indicam que o enredo deve continuar agitado.
A família Coelho Diniz, que já tem quase 18% do capital, pretende aumentar mais um pouco sua fatia e, com isso, reivindicar maior peso no conselho, apurou o Pipeline. Na prática, isso significaria chamar uma nova eleição de board, antes do fim do mandato - iniciado em maio deste ano e que vai até agosto de 2027.
Tempo quente no conselho do GPA
Os novos conselheiros do GPA
O entendimento dos Coelho Diniz é que, com a marca forte e a escala do Pão de Açúcar, dá para elevar a rentabilidade do negócio, segundo fontes próximas. A família é dona da rede mineira Coelho Diniz Supermercados, com 22 lojas - só em 2024, o GPA abriu 60 lojas.
No primeiro trimestre, o GPA teve prejuízo de R$ 93 milhões em operações continuadas - redução em relação ao prejuízo de R$ 407 milhões um ano antes.
Os Coelho Diniz chegaram a indicar dois nomes para a eleição de board em maio, mas naquele momento detinham menos de 5% do capital e emplacaram somente um. André Diniz tem composto com outros conselheiros - Edison Ticle, Rafael Ferri e Sebastian Dario - uma espécie de oposição ao grupo da maioria, composto pelo chairman Ronaldo Iabrudi e os indicados do Casino, no racha que se criou na última reunião de board, em junho.
GPA retomou expansão de número de lojas e abriu 60 unidades no ano passado
Divulgação
Depois de reclamarem formalmente à CVM sobre a edição da ata da última reunião de board e a decisão, por maioria, de uma remuneração diferenciada para um dos membros, os novos conselheiros avaliam levar outro ponto à autarquia, apurou o Pipeline – agora, sobre o comitê de auditoria.
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A companhia informou a constituição de um comitê financeiro e de auditoria composto por conselheiros, um membro independente e pelo CEO do GPA, Marcelo Pimentel. Membros desse grupo que é minoria atualmente no conselho entendem que a participação do executivo, mesmo sem votar no comitê, infringiria o que diz a CVM e o estatuto da companhia sobre governança.
O regimento interno do GPA diz que o comitê de auditoria "atua com independência em relação à diretoria" e também afirma que "somente podem integrar o comitê as pessoas que (...) não integrem a diretoria da companhia, de suas controladas, controladora, coligadas ou sociedades em controle comum, diretas ou indiretas."
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Ao Pipeline, o GPA destacou condicionantes na participação de Pimentel no comitê mas também o fato que a composição foi aprovada por unanimidade no conselho - e não maioria, neste caso.
"A companhia esclarece que a formação dos Comitês de Assessoramento do Conselho, incluindo o Comitê Financeiro e de Auditoria, foi aprovada por unanimidade, conforme descrito em ata pública de 25 Junho de 2025, nos termos do Art. 17 do Estatuto Social. Ressalta, ainda, que o documento traz de maneira clara e explícita, que a participação do CEO Marcelo Pimentel está condicionada à convocação para prestar esclarecimentos, se convidado, sem direito a participar das discussões ou votar nas matérias que sejam de competência exclusiva do Comitê de Auditoria."
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