Perto de bater o valor do Nubank, Revolut disputa espaço no Brasil

Em meio a conversas para uma nova rodada de investimento que pode levá-la a bater o valor do Nubank, a fintech inglesa Revolut deve ter os neobancos brasileiros como seus principais rivais no plano de expansão na América Latina. A companhia tem acelerado o passo na região, com novos produtos e aquisições, e vê o Brasil como estratégico.
“Decidimos priorizar o Brasil no lançamento de produtos mais maduros que já temos no exterior e vamos chegar à oferta de plataforma completa”, diz Glauber Mota, CEO da Revolut no Brasil, ao Pipeline. A fintech chegou ao país discretamente há dois anos, com a oferta de conta global multimoedas, e foi em abril deste ano que abriu para cartão de débito e conta remunerada no país.
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Ainda neste trimestre, quer estrear a plataforma de investimento, com opções na bolsa americana, fundos listados (ETFs) e money markets, que aplicam em títulos de renda fixa de curto prazo. Já há testes com alguns clientes e, depois, a fintech vai agregar opções de investimento na Europa e na Ásia.
Mota, CEO da Revolut no Brasil: potencial para estar entre os 10 maiores mercados
Divulgação
Mota acredita que o Brasil tem potencial para se tornar um dos 10 maiores mercados da companhia no curto prazo. Aproximadamente 75% de todo o volume que a Revolut opera hoje está concentrado na Europa – a empresa foi fundada em Londres em 2015 mas já está em 39 países como instituição financeira regulada. Tem, ainda, processo de obtenção de licença em outros 10, na trilha para atingir a meta de 100 países.
Para impulsionar essa expansão, a Revolut está em conversas para levantar US$ 1 bilhão, numa rodada que contará com tranche primária e outra secundária, para dar liquidez a alguns investidores atuais. A Revolut já é rentável, com lucro líquido de US$ 1 bilhão em 2024, e não precisa, necessariamente, de capital externo para crescer, ressalta Mota.
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No atual patamar de discussão, a capitalização pode avaliar a empresa entre US$ 65 bilhões e US$ 75 bilhões, acima dos US$ 63 bilhões do Nubank e um passo em direção a um futuro IPO, aponta o BTG Pactual em relatório. O múltiplo da Revolut ficaria em torno de 21,8 vezes o valor patrimonial, bem acima dos 8,4 vezes do Nubank – mesmo tendo uma base de clientes menor. Somava 52,5 milhões de usuários ao final do ano passado, quando o roxinho brasileiro bateu 114 milhões de clientes.
Em junho, a Revolut comprou a operação da Cetelem na Argentina, que pertencia ao BNP Paribas, e obteve a licença para operar como banco no México. “Anunciamos a expansão na Colômbia também. A América Latina é um mercado importante, com uma população grande e mal servida em termos de serviços financeiros”, diz Mota.
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No Brasil, a Revolut opera com a licença de Sociedade de Crédito Direto, e pretende pedir a licença bancária para ter uma operação completa no país, num plano de crescimento orgânico. “Estamos oferecendo, por enquanto, o plano básico de cartão de crédito para alguns clientes e a ideia é lançar, até o fim do ano, o cartão premium. Mas o mercado de crédito é mais complexo e temos que ser mais cautelosos”, diz o executivo.
A fintech teve que se adaptar ao aumento do IOF, anunciado pelo governo em junho e validado pelo STF na semana passada. Assim, a taxa para a compra de moeda e remessa para o exterior subiram para 3,5%. Mas Mota ainda vê as contas globais como competitivas pois, no caso da Revolut, a fintech usa o dólar comercial, que tem uma taxa melhor para o cliente que o turismo. “Nossos spreads são mais competitivos que o do mercado, de 0,6%”, compara.
A empresa ainda planeja iniciar no Brasil, em 2026, a operação Revolut Business, já oferecida na Europa e voltada para pessoa jurídica. “É onde vejo um oceano ainda mais azul no país”, diz Mota.
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